terça-feira, 29 de maio de 2012

É um nó constante que fica entalado na minha garganta, vontade de resolver tudo e não poder. As vezes acho que preciso fugir, mas fugir para bem longe, me esconder de todos que me cercam e que não dão a mínima pra nada. Preciso sentir o valor das coisas, dar e receber valor, sentir... só isso.
Me julguei capaz de poder acumular todas essas coisas ao mesmo tempo, mas agora caí em mim, entendi que não sou capaz de segurar tudo com as mãos, sinto que existem coisas, importantes, que estão escorrendo pelos meus dedos. E agora?
Me sinto tão impotente que as vezes acho que meu modo de pensar é um disfarce, eu me engano, coloco a máscara da felicidade e engano todos, inclusive eu mesma. As vezes me sinto como se estivesse em um barco furado, tento tapar o furo, jogar água pra fora com as mãos em formato de concha, mas sei no fundo que um dia vai afundar, um dia vai chegar o caos de levar tudo. E pra que fingir? Pra que enganar? Preciso?
Malditas pessoas que forçam as coisas, malditas pessoas que acham que vão mudar tudo e na verdade não conseguem mudar nem a marca de creme dental que está saindo fora de linha, não andam, não falam, ficam quietas e acham que tudo se encaixa, mas elas se engana, dai chega uma hora e as coisas acontecem como se fosse um jogo de tetris, as peças começam a se amontoar, formar longas torres, coloridas, felizes até acabar, acaba, GAME OVER. Darão conta de tudo isso quando verem que o castelo colorido virou nada, uma tela preta.



sexta-feira, 25 de maio de 2012

"Fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer."



J. D. Salinger - O apanhador no campo de centeio.





quinta-feira, 24 de maio de 2012

Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira.

"Disse que comia as comidas guardadas em nossas imensas geladeiras, dirigia nossos carros de oito cilindros, tomava sem hesitação nossos remédios quando ficava doente e confiava no Exército norte-americano para proteger seus pais e irmãos da Alemanha de Hitler. E, no entanto, nada, nem uma única linha, em seus poemas refletia essas realidades."

Aos críticos literários de fundo de quintal que costumam tratar J.D. Salinger como um escritor "infantil", receba meus mais sinceros votos de "se fodam". Salinger trazia para seus personagens um misto de marginalidade e ingenuidade, mostrando neles o contragosto para com a sociedade, mas isso seria a coisa mais clichê do mundo se não fosse dado um toque infantil AOS PERSONAGENS. Mas sua obras são tão envolventes, que os tais críticos acabam esquecendo que aquele ali não é o Salinger (mesmo sendo todos um bocado a cara dele, sendo seu alterego no caso de Buddy ou coisa que valha).

Hoje quero mostrar, acima de qualquer coisa, o que eu estou passando nessas últimas semana, desde que eu começei a ler mais um livro de J.D Salinger. Eu não consigo entender, mas nenhum outro autor consegue me deixar com o coração batendo tão rápido como ele, parece que você entra em um transe. O modo que ele trata as coisas da vida tem uma cadência tão grande que chega uma hora e você esquece que tem algo fora do livro, esses dias mesmo eu achava que era a Boo Boo (personagem que é uma das irmãs de Buddy), só faltou eu entra pra marinha e ter um irmão poeta e pirado, de qualquer forma, eu nem mesmo consigo explicar o que acontece, mas é uma transmição de energia tão grande que o autor passa através de suas obras que as vezes eu acho que esse negócio deve ser magia negra.

“Aí, de repente, começou a acontecer um negócio um bocado fantasmagórico. Cada vez que eu chegava ao fim de um quarteirão e descia o meio-fio, tinha a sensação de que nunca chegaria ao outro lado da rua. Pensava que ia caindo, caindo, caindo, e nunca mais ninguém ia me ver. Puxa, fiquei apavorado pra burro. Ninguém imagina o medão que me deu. Comecei a suar como um filho da mãe, molhei toda a camisa, a roupa de baixo, tudo. Aí comecei a fazer outro troço: cada vez que chegava ao fim do quarteirão, fazia de conta que estava falando com meu irmão Allie. Dizia pra ele ‘Allie, não me deixa desaparecer. Allie, não me deixa desaparecer. Por favor, Allie’. Aí então, quando chegava do outro lado da rua sem desaparecer, eu agradecia a ele”.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sabe?

Sabe quando você está na beira da plataforma quando o trem chega? Passa aquele vento no seu rosto e você percebe que a vida e a morte andam juntas.
Sabe quando você corta o dedo com o papel? Dói tanto, mesmo sendo tão pequeno.
Sabe quando você queima o dedo e ameniza colocando a mão no gelo? Você sabe que é só placebo, que não vai viver grudado no gelo e que depois vai doer de qualquer forma.
Sabe quando você ouve os vizinhos trepando? Você acha aquilo constrangedor mas quase nem respira pra não perder nenhum momento.
Sabe quando você toma sorvete muito rápido e da dor de cabeça? Você já sabia que ia acontecer isso, mas fica tão esganiçado que nem liga.
Sabe quando você precisa levantar para ir ao banheiro no frio? Você luta contra a vontade, diz pra ela passar, mas não passar, um dia você tem que levantar.
Sabe quando era criança e sua barriga ficava 'gelada' ao descer uma rua muito íngreme? Era um medo, mas era tão bom.
Sabe quando você não sabe o que passa na sua cabeça? Sabe quando você não entende o aperto no coração e o nó na garganta? Sabe quando dói, mas você continua gostando da sensação? É estranho, mas é amor.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Odeio.


Existem muitas coisas que eu odeio nessa vida... algumas em especial, segue a lista:

Odeio odiar, odeio sentir frio, odeio que digam que eu disse o que nunca nem passaria pela minha cabeça, odeio conversar por msn e bate-papos desse tipo, odeio ouvir a panela de pressão, odeio comer danoninho sem lamber a tampa, odeio ter que juntar os brinquedos depois de brincar, odeio achar os ovos que mamãe esconde na páscoa, odeio achar os ovos de páscoa no natal, odeio sentir calor, odeio quando a maquiagem fica toda grudada na pálpebra devido ao excesso de suor, odeio homem que tem atitude de menina mimada, odeio comer pão no almoço, odeio chegar em casa e ter que desabafar em um blog que no máximo 5 pessoas leem, odeio corretor ortográfico sem adequações ao novo acordo, odeio ciúmes idiotas, odeio a opinião alheia sobre coisas que nem eu me importo, odeio os outros, odeio despertador, odeio vegetariano que tenta converter, odeio mudar de ideia de uma hora para a outra, odeio meu irmão me enchendo o saco, odeio tomar banho no frio, odeio dormir sozinha, odeio quando o namorado da minha mãe rouba meu lugar na cama dela, odeio ter que esconder as coisas devido a opinião equivocada de gente que não tem mais o que fazer da vida, odeio ter que concordar só por não haver mais alternativas, odeio sábados, odeio não ter grana pra comprar bala de melão, odeio mulher que usa bota plataforma, odeio gato com fome, odeio sombra sem sol, odeio sertanejo, odeio você, odeio você por te amar demais.




sexta-feira, 4 de maio de 2012

Esses tesouros, esses móveis, esse luxo, essa ordem, esses perfumes, essas flores miraculosas - és tu. Ainda és tu, esses grandes rios e canais tranquilos. Os enormes navios que eles levam, todos carregados de riquezas e de onde sobem os cantos monótonos da manobra, são meus pensamentos que dormem ou resolvem-se no teu peito. Suavemente, tu os conduzes para o mar que é o infinito, espelhando as profundezas do céu na limpidez da tua bela alma; e quando, cansados do marulho e abarrotados de produtos do Oriente, eles regressam ao porto natal, são de novo meus pensamentos enriquecidos que voltam do infinito a ti.
Charles Baudelaire


quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Silêncio

Tem vez que na tua presença eu me calo,
Não porque me faltam palavras,
Não porque me deixas mudo,
Me calo pela auto-suficiência da tua beleza.

Tem vez que na tua presença não sorrio,
Não porque não me sinto alegre,
Não porque não vejo sentido...
Teu sorriso que é lindo, como rosa no jardim de inverno.

As vezes me calo e permaneço assim,
Somente para te admirar,
Somente para te amar calado, esquecendo o mundo,
Do teu amor, me sinto particular e egoísta...

O silêncio me envolve nas veredas do teu amor,
E permaneço imóvel, para que ele não se assuste,
Por isso que me calo... para ganhar mais tempo com ele,
E memorizar todos os passos que me levam a você.

Na tua presença me calo para te amar mais,
Não porque me falta a fala,
Não porque me faltam palavras...
Eu me calo pra te amar mais,
Eu me calo para te sentir mais.

Tu me calas somente com um olhar,
Tu me olhas e eu me deparo extasiado,
Como a uma macieira numa linda tarde de inverno sulista,
Tu me calas somente em dizer que me amas.

Calo-me porque és o suficiente diante de mim,
E não mais ajo, e não mais digo, e não mais tento,
Não mais repito.
Deixo o nosso amor falar por mim!

Se na tua presença me calo,
Esquece a palavra indiferença,
Lembra-te das juras do nosso amor,
Pois nelas, me calo para te admirar, morena flor,
E em ti me calo...
Só para sentir o sabor dos teus beijos.

- Tatiano Maviton.



Interlúdio:

terça-feira, 1 de maio de 2012

Ela só curte black label.

Costumava ir ao pub que descia a rua da sua casa, era um pub feio, o pior tipo de gente era o que frequentava lá e ao longo do tempo conseguira entender o que a levava até aquele local, sujo e úmido. Ela acabara de perceber que estava apaixonada, perdidamente apaixonada, tinha frio na barriga quando sentia seu cheiro, via ele de longe e já ficava com as pernas bambas, não conseguia entender, mas ela só curte um black label.




Interlúdio:


* Uma das poucas bandas (boas) que tem flauta transversal. O flautista é ótimo, se chama Beto Mejía.

Entregue-se

A gente pensa que está vacinado contra tudo, mas o que falta na nossa carteirinha de vacinação são doses frequentes para nos prevenir contra o amor - a não ser que você não queira, claro - afinal, quem poderia dizer? Quem pode prever? De repente ele chega e entra assim, sem bater, faz o que quer com você, te deixa vulnerável, mostra e fala na tua cara: "Eu tenho o poder aqui", você cala a boca, abaixa a cabeça e coloca o rabinho entre as pernas, nessa hora já não tem mais o que fazer...


Mas no fundo a gente acaba gostando, sabe... E torce para que seja o que você esperou por tanto tempo, que nunca tenha fim, e que se mudar... que mude para melhor. Mas que o sorriso e o abraço prevaleçam, até nas horas mais difíceis, até nas piores brigas. Sabe que quando abre a boca, só sai breguice, mas continua, pois sabe que o que sente é quase impossível expressar e quando chega algo brega aos lábios deixa escapar, pra ver se acalma a vontade de gritar pro mundo todo o que acontece quando está com a pessoa.
O que eu vi em você é exatamente o que faltava em mim, o que eu preciso, e que fique bem claro isso, porque agora, meu amor, é só nós dois e se for por nós, ninguém atrapalha o que demoramos tanto tempo para encontrar.



Se o errado pra mim for o certo. Eu não me importo, eu me entrego.

Eu me entrego apenas quando souber que o que iremos passar vai ter valido uma canção.
Meia hora a mais na cama na segunda-feira, um dia chuvoso bem embaixo do edredom ao colo de quem me aceita assim.
A tudo que puder antes que a cortina feche. Até de malas prontas, me arrisco a compor.
De um jeito que ninguém sabe, sem sonhar com os pés no chão.
Entregue-se àquilo que te faz sentir
Entregue-se àquilo que te faz



Interlúdio: