sábado, 24 de dezembro de 2011

Quem convive bastante comigo já percebeu que as vezes ocorrem alguns devaneios em minha mente e sabe-se lá por que eu me distancio da terra por alguns segundos. A questão é que em uma dessas minhas 'visões da Raven' eu acabei ocupando o universo paralelo por alguns segundos a mais, e hoje quero compartilhar com vocês minha viagem.

Tinha uma época da minha vida que eu tentava agradar as pessoas, não sei por qual motivo, mas eu sempre tentava ser educadinha, não falar besteiras, grosserias e palavrões, até que um dia me deparei com alguém que era tão perfeitamente perfeito que eu peguei nojo de tentar ser assim, comecei a achar pessoas meigas um saco e logo, mudei minha personalidade que demorou anos para ser construída. Hoje sou rude, uso e descarto sem medo de dizer, é o que eu sou sem fazer esforços, não consigo permanecer ao lado da mesma pessoa por várias horas seguidas nem ver os mesmos rostos várias vezes em uma semana, quando falta assunto falo de qualquer coisa, não me importo mais se vou agradar ou não, no fundo eu estou mandando tudo se foder, mas meu sorriso continua estilo playmobil.
Na mesma época em que eu estava tentando agradar as pessoas, eu vivi um momento bem crítico quanto a escolha de gostos, qualquer pessoa que aparecia e eu me identificava, acabava como uma esponjinha, sugando tudo o que ela conhecia e me fazendo ser ela, por exemplo: Se você falasse que gosta de ouvir Los Hermanos, lendo Paulo Coelho e comendo uvas passas, eu diria que gosto da mesma coisa e pior, mesmo odiando Los Hermanos, Paulo Coelho e uvas passas, eu passaria a aderir tal dieta (eca). Definitivamente eu agi como uma mediócrezinha de bordel barato, isso aconteceu até eu achar um ser que sofria do mesmo problema que eu, o pobre se fazia passar por mim, mas na versão masculina e com pêlos, ele dizia que estava apaixonado e todas essas merdas, até que eu falei que não aguentava uma Jhennyfer versão masculina e que era uma merda não poder discutir ou ouvir a pessoa falando mal (saudavelmente) do que você gosta. Foi depois dessa maldita experiência que eu percebi que não quero alguém que se passe por mim, sério, já sou um porre.
Eu estava com medo, não sabia mais o que queria, não entendia como funcionava essa história de amor e tudo isso, até então que na minha visão (calma, já chego o ponto) foi que tive um pensamento sinistro.
Quando entrei em férias fui ao mercado com a minha mãe, pois a pobre não sabe escolher comidas que não passem do convencional arroz, feijão e ovo. Mesmo não parecendo, eu gosto bastante de frutas, especialmente de morango, banana e mamão. Quando fui escolher o morango e a banana a tarefa foi fácil, banana sempre tem e morango estava na época, já mamão eu tive que escolher bastante até conseguir achar dois que davam pro gasto, chegando em casa, eu os coloquei em cima de uma fruteira, percebi que tinha um que estava amassado bem de leve mas que o outro estava com uns buracos pretos e feios, mas até ai tudo bem, pensei: mais tarde eu faço um pra mim e já deixo o outro preparado pra minha mãe, normalmente é isso que faço, mas naquele dia foi diferente, eu fui assistir a sessão da tarde e acabei dormindo no filme inteiro, quando acordei minha mãe tinha feito o que eu tinha planejado, o meu estava do jeito que eu como, cortado em cubinhos e com açúcar, ela colocou na geladeira para ficar um caldo grosso de açúcar, então lembrei do mamão estragadinho e fui ver o dela onde estava, como conheço seu gosto, sabia que ela deixaria o mamão embalado em plástico no congelador para depois fazer suco ou vitamina, quando peguei tive a sensação mais estranha do mundo, percebi que ela tinha ficado com o mamão feio e então compreendi o que era amor, eu sou o oposto da minha mãe, ela é doce e delicada, eu sou... assim. Mas o amor é maior que isso tudo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011




Não é que eu esteja cansada da vida, mas é que eu preciso apenas de um motivo para levantar da cama todos os dias, seguir em frente e saber que tenho pelo que lutar.




sexta-feira, 2 de dezembro de 2011


Estava mais uma vez lá, parada esperando que algum milagre divino acontecesse, não sei por que, mas sempre volto ao mesmo lugar. Dessa vez estava tudo diferente, estava segurando uma garrafa de Whisky em uma mão e na outra um cigarro desses do Paraguay que nem advertência do governo tem, e olha que eu nunca fui de fumar, mas é que a dúvida, o medo e o amor me consumiam a ponto de eu ser obrigada a fumar.
Eu sabia que você não ia aparecer, mas eu esperava, chovia forte e tudo o que eu enxergava era umas mechas de cabelo caindo por cima dos olhos e uma praça vazia, só eu.
No fundo não queria te ver, sei que se te encontrasse seria difícil olhar em seus olhos, não queria que me visse mais uma vez assim, desse jeito, jogada. Da sua boca, conseguia prever tudo o que sairia, falaria do meu cabelo sem lavar, das minhas roupas, unhas e sapatos, diria que o álcool me consumiu e que não sou mais a mesma pessoa e que por esse motivo, apenas por isso, não iria mais voltar atrás, como se não soubesse que sou o que sou por sua culpa, querendo ou não, a culpa é toda sua, afinal, quando te pedi pra ficar, você não me ouviu e me deixou.
Agora estou aqui, sou obrigada a ouvir tudo o que já sei, sou obrigada a deixar tudo de lado, mais uma vez.

Caminhei um pouco por entre as árvores, agora a chuva já era mais fraca, mas de qualquer forma chovia forte dentro de mim, minha alma estava suja dessa chuva ácida. Mais a frente avistei alguém, como sabes, meu problema de miopia anda agravando, acho que é a idade ou coisa que valha. Andei lentamente para o ser que estava ali parado, não conseguia me mexer muito rápido, além de meus sapatos estarem uns três quilos mais pesados de lama, meu corpo parecia se diluir a cada passo que dava. Quando finalmente cheguei, senti o cheiro de flores e velas, que sempre sinto e isso não é brincadeira. Senti que ia cair, mas como sempre, me agarrei ao fio invisível que a vida me lança, todas as minhas forças se foram quando soltei a palavra que estava entalada na garganta fazia tempo, juro que tudo o que queria dizer saiu como um berro sussurrado, a força era de um grito, o tom era de uma voz velha e fraca e todas as palavras dançaram no ar como se fosse um circo de terror, limpa e tenebrosa: P.A.I!