terça-feira, 23 de outubro de 2012

Conheço

Eu conheço bem, conheço bem cada centímetro do teu ser, conheço cada estado do teu ânimo, cada fase do teu processo.

Das linhas, conheço todas, conheço as linhas que formam nos teus olhos quando está triste, as linhas que formam na sua testa quando está mentindo e conheço a linha que nos separa. Tênue.

Dos cheiros, conheço vários, conheço o cheiro da tua bala extra forte, conheço o cheiro do pão que prepara para mim pela manhã, o cheiro do teu abraço, conheço bem.
Das palavras, conheço muitas, conheço as letras rabiscadas em uma folha de rascunho de quando você escreve algum poema para mim, conheço as palavras que formam tuas frases em momentos de êxtase, em momentos de raiva.
Do teu apreço, conheço bem o que mereces, o tanto que lutou e o tanto que irá lutar.
Te conheço bem, ainda falta conhecer muito, mas o que eu sei, já monta um quebra cabeça enorme.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Toda luz

Todo fim faz-me clarear
Talvez paz, não mais te esperar
Sei que errei, por muito tempo eu te dei
Toda luz...

Todo sim fez-me adorador
Sempre atrás de um beijo,
Um sorriso, um olhar eu estive
Sei que não dá pra ter de volta
O que eu te dei

Toda luz...
Muita luz pra alguém
Que nem queria ficar, mas nem sair...
Bem atrás da casa havia uma
Linda flor, você nem viu...

Todo não, fez-me desvaler
Ir de encontro ao pior de você não
Era justo não
Sei que errei, por muito tempo
Eu te dei

Tanta luz...
Muita luz pra alguém
Que nem queria ficar, mas nem sair...

Bem do lado interior do coração,
Ainda mora um forte afeto por você...
Bem atrás da casa havia uma
Linda flor, você nem viu...



A dor é uma coisa estranha.
Um gato que mata um pássaro,
um acidente de automóvel,
um incêndio...

A dor chega,
BANG,
e eis que ela te atinge.

É real.

E aos olhos de qualquer pessoa pareces um estúpido.
Como se te tornasses, de repente, num idiota.

E não há cura para isso,
a menos que encontres alguém
que compreenda realmente o que sentes
e te saiba ajudar...



Henry Charles Bukowski Jr

As coisas

A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a desvanecida
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Servem-nos, como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que partimos em um momento.


Jorge Luís Borges

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O sabor latente dos teus lábios continua aqui, me dando calma.

Chegou com calma e pousou em meus braços, acalmou meu peito e me deu forças. Fiquei sabendo da tua real dimensão somente quando saboreei seus maiores pecados, seus costumes, suas manias, suas chatices e tolices, degustando lentamente sua podridão e admirando-a, gostando, sentindo vontade de ir mais fundo.
A cura dos meus dias maçantes e da minha rotina esmagadora está em teu sorriso, na tua pele e no teu jeito de ser você.
Eu não preciso de retribuição, preciso apenas ter certeza que você sente minha alma quando te beijo. Que você ouve ela chamando teu nome.

Sou um rio, então. Sorria.


E diante do lago largo eu me atirei.
Água turva, calma, escura.
Não se via o fundo, eu estava à beira, à margem.
Entrei.
Primeiro os pés, depois todo o resto.
Respirei fundo e mergulhei.
É, Eu não sabia nadar.
Nem amar, nem voltar.
Queria apenas ficar.
Abracei, fui cada vez mais além.
Perdi o ar, mas continuei a mergulhar.
Em silêncio, nadei.
Meu único sentido permitido era a visão.
Olhar.
Eu não falava, não ouvia, não sentia o gosto.
Era um mergulho solitário, contemplativo, libertador e único.
Era preciso, doído, mas necessário.
E agora eu sinto, cada vez mais forte, que vim de água doce.
E com certeza não desaguarei em (a) mar.

Autor desconhecido.