A minha solidão não troveja, não relampeia, não grita e não
chora.
Ela não se precipita.
A minha tristeza não se transforma em lágrimas, mesmo, por
vezes, eu quase não suportando.
Ela não desaba.
Já me imaginei transbordando o mundo de prantos, sofrimento
e desespero.
Não sucumbo.
Um imenso rio formado de puro desgosto e água podre e fétida
que me rege.
Não mergulho.
Eu sinto o peso da vida em minha cabeça e em meu peito.
Palavras ditas e não ditas. Malditas.
Não serei mártir.
Estou letárgica mas não cinza. Pintei meu mundo com guache,
torcendo para não chover.
Não serei o medo.
Não sou coitada, abandonada em uma noite fria. Até porque é
dentro de mim que faz frio, neva.
Aqui dentro névoa.
Que sumam, que apaguem, sejam esquecidos, que morram... que
matem os meus sonhos.
Eu não choro! Não choro!
Nossa, pesado e tão bonito!
ResponderExcluirmeu blog ♥
Obrigada, Bruna!
ExcluirVocê fez uma poesia intrigante, pois muitas pessoas usam do sofrimento, das lágrimas, logo do choro, para escrever. Tu fez justamente o contrário.
ResponderExcluirGosto de poesia pois esta admite milhares de interpretações, dependendo de quem lê, e o que senti é que o eu lírico é uma pessoa fria, que se abstém dos sentimentos ou das demonstrações de.
Gostei, parabéns.
Carol, aquilo que me sufoca, me fere e me deixa com nó na garganta é o que sai em palavras. Não vivo em prantos justamente pelo fato de escrever o pranto.
ExcluirAs dúbias interpretações é o que nos aproxima dos textos poéticos, a sua interpretação é aquilo que você enxerga no sofrimento alheio, se tornando parte de você.
Que bom que gostou do que escrevi, significa que me aproximei de você.
''Um imenso rio formado de puro desgosto e água podre e fétida que me rege.''
ResponderExcluir''Pintei meu mundo com guache, torcendo para não chover.''
Que desesperador, que bonito!
Gostei daqui, vou ficar.
Obrigada, Hellen!
ExcluirSeja bem vinda. :)