segunda-feira, 6 de abril de 2015

Cabide

Quero nossas roupas dobradas, guardadas no mesmo guarda roupa, com aquele cheiro que é característico nosso, da nossa casa, dos nossos corpos juntos. Quero nossas roupas com cheiro de naftalina e aquele cheiro característico de gente velha, tudo isso misturado com o ar do campo, da lenha queimando no fogão a lenha que vai fumegar o inverno todo. Vou passar suas camisas e vou me dedicar a construir um cabideiro só para guardar suas infinitas boinas, desde a primeira, já que eu tenho certeza que você nunca vai se desfazer de nenhuma. No verão vou fazer limonada, te chamar para sentar na varanda e te perguntar se isso não vai ter fim, se nunca vou deixar de te amar dessa maneira colossal. Quando anoitecer vou te ler algum conto de algum dos nossos autores favoritos e no fim dizer: é bom pra caralho, né? Só não é melhor que fondue! Aos domingos, vamos para a cidade logo de manhãzinha, nunca vamos abandonar o hábito de ir à feirinha, comermos nosso pastel com caldo de cana e sentarmos na grama. Em todos os cafés da tarde, vamos comer pão e bolo, vou fazer tudo com dedicação e carinho, servir seu prato e esperar você dar a primeira mordida para eu começar a comer também. Nos dias de chuva de verão, vou te chamar para tomar banho de chuva comigo, você vai... com seu passo lento e eu nem vou me importar se quando você conseguir sair da cobertura da varanda já tiver parado de chover, qualquer coisa a gente pega a mangueira. Eu vou ter paciência, eu vou beijar seu ombro, eu vou segurar suas mãos fracas, eu vou cuidar de você, vou te tirar do sério várias vezes, mas vou cuidar de você.

Um comentário:

  1. O homem sempre quis voar, desde os primórdios da sua história têm-se notícias de seus esforços para conseguir esse feito. E conseguiu, de forma espetacular. Creio que voar propriamente dito, seu corpo ao vento, feito pássaro, tipo em sonho, sentindo o ar por todo o seu corpo, é fato que ainda se pode acontecer, não duvido. Tipo super-homem. De alguma forma já podemos ver sinais dessa proeza.
    Mas eu já consigo esse feito, os amantes de carteirinha creio que também, é fato. Quando se ama, voa, feito Peter Pan. E eu me entrego. Ao infinito e além! Vou por entre as nuvens, por sobre as montanhas, por sobre a copa das árvores. Vem, amor, vem! Alcanço-te em um sorriso, convidadito feito tuas mãos de menina risonha. A terra do nunca existe sim, eu voo pra lá, cada vez que leio os seus textos.

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