sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Janela basculante

Roo as unhas até meus dedos sangrarem, não por ser fraca e sim por ser forte demais a ponto de não me deixar cair. 
Me concentro em qualquer coisa e a casa segundo que percebo conseguir ficar sem você na cabeça, comemoro.
Cada segundo que passa vou me tornando mais matéria fria e menos cor, mais eu mesma e menos nós.
O tempo passa se arrastando e consigo sentir o crescimento lento de cada fio de cabelo, cada célula nova que ainda não te tocou.
Aproximadamente 400 trilhões de células do meu corpo são renovadas por dia, ou seja, elas não souberam o que é o arrepio de quando te encontro.
O choro preso está calcificando meus sentimentos e te congelando dentro de mim. De que vale tudo isso? Me diz, de que vale?
Imploraria para qualquer força divina, não me faça ser eu. Não me faça ser assim, canceriana, que ama, que quer, que vive para sentir o coração sangrar e pulsar de amor. Tira eu mesma de mim, imploro.
O tempo me puxa, me faz rugas, me deixa amarga, me leva com ele nos braços e eu ainda me sinto aqui, imóvel, como se tivesse acabado de acordar em um quartinho de janela basculante em Araucária.

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