segunda-feira, 31 de maio de 2010

O mundo particular de uma criança.

Quando eu era mais nova, adorava os pés de laranja, não necessariamente por serem pés de laranja, mas por eles proporcionarem as maiores aventuras da minha vida, vou contar a história.
Nos domingos, depois do almoço e da soneca do meio dia, meu pai me colocava na garupa da bicicleta e me levava para dar uma volta na cidade, no caminho eu lembro que nós passávamos perto da escola onde eu estudava e em uma rua de chão que parecia não ter fim, onde cada buraco fazia eu pular alto. Nessa mesma rua, meu pai mandava eu descer da bicicleta e tirar os sapatos, pois ele acreditava que criança quando coloca os pés na terra ganha mais saúde, seguíamos uns minutos caminhando até chegarmos em uma casa com o muro sem acabamento, uma grama rala e um gigante pé de laranja, essa é a minha parte favorita. Ele pulava o muro, tirava a camiseta e dizia para eu cuidar da rua, falando que era uma operação muito delicada e que podiam soltar os cachorro em nós, eu ficava de espiã do outro lado e pensava que já tinha capacidade o suficiente para garantir que ninguém nos veria.
Meu mundo se transformava, eu me sentia como se fosse a vilã das histórias em quadrinhos, como se fosse o braço direito do meu pai.
Ele pulava o muro e me dava a camiseta com umas cinco laranjas dentro e dizia para eu segurar bem para não cair, eu fazia meu trabalho direitinho, é claro, me sentia orgulhosa de mim mesma por carregar o "ouro" no final.
É claro que agora eu sei que a casa era abandonada, que não tinham cachorros e que criança com o pé na terra não ganha mais saúde, mas eu ainda gostaria de ir lá e fazer essa aventura toda de novo.
Essa foi a história dos pés de laranja, ainda tem a história dos pés de manga, mas essa fica para a próxima.

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