terça-feira, 8 de junho de 2010

O mundo particular de uma criança, parte 2.

Chegou a hora de contar a história dos pés de manga...
Quando eu era mais nova, morava no interior do Paraná e lá, pés de manga eram o que mais tinha, e todos bem carregados! Eu costumava brincar com o meu irmão, até quando chegou a idade de ele ir para a escola e eu ficava em casa sem ninguém para dividir as aventuras, então embarcava sozinha em um universo paralelo.
Ao lado da casa onde eu morava, tinha um pé de manga que até hoje eu lembro cada galho, a textura e até o sabor das mangas. Eu, toda aventureira, pegava uma faca sem ponta que servia para tirar o barro dos calçados, colocava dentro do calção e seguia atrás da manga perfeita. Eu sempre subia pelo mesmo galho e sentava quase sempre no mesmo lugar, eu dizia que o galho onde eu sentava era uma cadeira, pois, tinha o formato parecido, onde meu bumbum encaixava direitinho.
Tinha algumas mangas que eu seguia o crescimento inteirinho, até o dia que elas estavam no ponto certo e eu as comia. Na hora que eu encontrava a manga perfeita era um ritual, usava minha faca sem ponta para arrancar ela do pé, tirava a casca com os dentes, adorava quando eu puxava e saia grandes pedaços da casca, mas adorava bem mais quando o suco da manga escorria pelo braço até chegar no cotovelo, depois de comer eu ficava tirando os fiapos dos dentes e me imaginando em uma ilha, como se eu fosse um índio ou coisa parecida.
Quando eu descia da arvore já era quase a hora do meu irmão chegar, eu pegava meu caroço que de tanto eu passar os dentes já nem tinha mais fiapos e plantava ele no fundo de casa, quem sabe não nasceu um pé onde outra criança brinca hoje em dia?

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